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Todos os tubarões "cação-rabo-seco", uma das espécies mais comuns do Brasil, pescados no litoral de Pernambuco durante um ano apresentaram contaminação por microplástico. O levantamento feito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) aponta que este tipo de poluição pode estar afetando toda a população da espécie na região. A investigação faz parte da dissertação de mestrado do oceanógrafo Roger Melo, publicada por meio do programa de mestrado do Departamento de Oceanografia (veja vídeo acima). Ao g1, ele contou que, por quase um ano, foram coletadas amostras de 135 animais capturados de forma acidental por navios pesqueiros ao longo de toda a costa de Pernambuco. A maior parte das coletas foi extraída do estômago e do intestino dos tubarões capturados. Cerca de 80% dos corais da maior área de conservação marinha do Brasil morreram nos últimos seis meses, diz instituto As análises foram realizadas entre agosto de 2021 e junho de 2022. Segundo o oceanógrafo, a região costeira de Pernambuco serve de berçário para esses peixes, que vivem em áreas próximas ao litoral e são bastante comuns entre o sul do Brasil e o Caribe. "A gente teve que levar em consideração alguns fatores: a dieta do animal; a fase de desenvolvimento desse tubarão - se ele é filhote ou adulto; a estação do ano; e a questão espacial. Em época de chuva, tem mais contaminação porque é quando esse plástico está sendo escoado para a região costeira. E quanto mais próximo da costa, onde há atividade humana, também a contaminação é maior", detalhou o especialista. Chamados pelo nome científico de Rhizoprionodon porosus, os tubarões "cação-rabo-seco" se alimentam principalmente de plantas, algas e outros peixes menores. De acordo com Roger Melo, ao ocupar o topo dessa cadeia alimentar, eles acabam ingerindo os microplásticos de diferentes formas. "Alguns tubarões se contaminam porque confundem o microplástico com alguma presa. E há mudanças nas presas também. Ou seja, o tubarão é contaminado tanto pelo microplástico que está no ambiente, quanto pela presa que está contaminada", informou o pesquisador."No estômago dos tubarões encontramos alguns peixes em estado de decomposição com plástico dentro deles. Ou seja, esse plástico está inserido no ambiente, não tem como tirar. [...] Desse nível [de contaminação], não há nada próximo nos estudos que temos no mundo hoje em dia", afirmou o pesquisador Roger Melo.