Policiais militares que respondem por homicídios praticados fora do horário de serviço, neste ano, continuam recebendo salário em Pernambuco, segundo mostra consulta no Painel de Remunerações, do Portal da Transparência, do Governo do Estado.
O Diario de Pernambuco encontrou o nome de três PMs que, mesmo tendo sido presos anteriormente por assassinato, aparecem na lista de servidores pagos em outubro de 2024, o último mês disponível para pesquisa. Procurada, a Secretaria de Defesa Social (SDS) não respondeu.
É o caso do soldado João Gabriel Tenório Ferreira, de 26 anos, que é réu pelo feminicídio de Maria Clara Adolfo de Souza, de 21, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. A jovem estava grávida do PM, se recusava a fazer aborto e foi morta a tiros na calçada de casa, na noite de 24 de julho.
O PM, que é investigado ainda por estuprar outra mulher, está preso preventivamente e já foi alvo de denúncia do Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Três meses após o caso, ele recebeu salário de R$ 4.406,41 – incluindo R$ 364,79 de “outras vantagens”, valor referente a benefícios como, por exemplo, auxílio alimentação.
Já o cabo Lindinaldo Severino da Silva, de 40 anos, outro a responder na Justiça por feminicídio, recebeu salário de R$ 5.361,83, em outubro. O valor também inclui “outras vantagens”.
O PM foi preso em flagrante por matar a ex-mulher Maria do Carmo de Oliveira, de 34 anos, e ainda tentar assassinar uma amiga dela, dentro de uma boate em Jaboatão. O crime aconteceu em 28 de julho e o agente está na cadeia desde então.
A maior remuneração encontrada foi a do sargento Gercino Bahia da Silva Júnior, de 37 anos, que se entregou à polícia após matar com seis tiros o ex-sogro em Belém do São Francisco, no Sertão, no dia 8 de setembro.
De acordo com o Portal da Transparência, em outubro, o PM foi remunerado em R$ 6.144,77 e até recebeu R$ 180, em diárias extras, por participar de operação no mesmo mês em que o homicídio aconteceu.
Os três PMs citados ainda respondem aos respectivos processos na Justiça e, portanto, seguem sem condenação.